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O que está havendo com The Walking Dead? A culpa é do Mazzara?

Algumas pessoas sabem que o Seriáticos, em parceria com o Walking Dead Br, grava os Walking Casts: podcasts em que analisamos os episódios de The Walking Dead semanalmente. Os que ouvem esse material já devem saber o que achei dessa terceira temporada da série e sabem de toda a minha insatisfação, em especial com essa segunda metade.

Na minha opinião, a série deixou de explorar seus personagens e está focada na ação desenfreada. Parece que é mais importante mostrar um zumbi morrendo do que desenvolver a personalidade e história de Rick e seu grupo. Algo estranho, pois parece ser um consenso em Hollywood que uma série é tão boa quanto seus personagens.

Na minha opinião, essa decisão de focar na ação é equivocada. Deveria haver um equilíbrio maior entre ação e desenvolvimento psicológico de Rick e seu grupo. Porém, essa é somente minha opinião de maneira bem resumida.

O fato é que o último episódio dessa terceira temporada do show, episódio intitulado Welcome to the Tombs, gerou uma indignação ímpar dos fãs da maior série de zumbis de todos os tempos.

O showrunner de The Walking Dead, Glen Mazzara, demitido no meio desta temporada, foi xingado por telespectadores de todas as partes do mundo. Muitos agradeceram a AMC pela demissão e não querem ver o produtor executivo nunca mais.

Porém, será que a culpa é toda de Mazzara? A AMC não tem culpa de nenhuma das decisões que, na minha opinião, foram equivocadas? Vamos analisar melhor essa situação.

Antes, uma pequena explicação:
As séries nos Estados Unidos não funcionam como estamos acostumados com as nossas novelas aqui, em que um canal produz e transmite todos os episódios. Lá fora, um estúdio produz a série e a emissora exibe os episódios. No caso de The Walking Dead, a AMC é a emissora e a produtora do show! Ou seja, a série pertence totalmente a AMC, que dá o rumo que quer ao seriado e não deve satisfações a ninguém.

Sendo assim, quando a emissora resolve demitir o showrunner - e não foi a primeira vez que eles fizeram isso, pois Frank Darabont, o chefão da primeira temporada e idealizador da série, foi demitido pouco antes da estreia do segundo ano do show - eles não devem perguntar se o estúdio está de acordo com essa decisão, o que acontece com séries como Mad Men e Breaking Bad, que também são exibidas pelo canal.

Dito isso, já começa um questionamento sobre as decisões da AMC. Foi positivo mandarem Darabont embora e contratarem Mazzara? Claramente são duas visões completamente distintas sobre como explorar um apocalipse zumbi, e duas visões que atraem tipos diferentes de telespectadores.

Darabont gostava de explorar as mudanças de personalidades dos personagens diante do apocalipse zumbi. Já Mazzara prefere mostrar as peripécias que esses sobreviventes devem fazer para continuarem vivos nesse universo caótico.

O fato é que TWD nunca teve tanta audiência quanto nessa terceira temporada. A AMC vem tirando proveito disso, porém de maneira equivocada.

Para começar, a emissora abusa dos comerciais nos capítulos do show, prática incomum para canais de TV a Cabo. Intervalos comerciais atrapalham a escrita do roteiro de uma série, pois o roteirista deverá pensar no episódio sabendo que ele precisa escrever um grande acontecimento a cada 8 páginas (o que corresponde a, aproximadamente, 7 ou 8 minutos do episódio) para convencer o telespectador a não mudar de canal no momento dos comerciais.

Outra decisão equivocada foi a de dividir a temporada em duas metades. Essa é uma decisão estritamente comercial, que visa ter "duas estreias" e "dois finais" por temporada, ou seja, ter 4 episódios com audiências recordes.

Essa decisão de dividir a temporada em duas partes também prejudica, e muito, o enredo! Pois o episódio final de cada uma das metades deve ter um grande acontecimento, ou seja, um ótimo gancho para a outra metade. Muitas vezes o tal grand finalle, algo que poderia acontecer no episódio número 5 ou 6 da temporada, acaba sendo forçado a ser exibido no 8º! Com isso temos capítulos em que nada acontece e que somente existem para enrolar os telespectadores.

Lembrem bem dessa segunda metade da terceira temporada de TWD e me digam se vocês não pensaram em algum momento "nossa, esse episódio foi só enrolação." Eu tive essa opinião em vários momentos.

Além dessa divisão de temporada, The Walking Dead teve seu número de capítulos aumentado de 13 para 16, o que aumenta a sensação de "enrolação." Mais uma vez, uma decisão estritamente comercial.

Por fim a matança de personagens do elenco principal, muitas vezes de maneira precipitada (na minha opinião), parecem visar somente a criação de personagens novos e, junto com eles, vários produtos licenciados como bonequinhos, camisetas e etc.

Não questiono o fato de a AMC tentar lucrar o máximo possível com a série! Eles devem fazer isso, afinal de contas a emissora vive disso. Porém, nessa procura desenfreada por lucros, a emissora parece ter esquecido dos fãs e ter deixado a qualidade da série em segundo plano. 

Uma pena, pois The Walking Dead era uma de minhas séries favoritas.

Para os que defendem a série por causa de sua audiência recorde e acham que audiência é sinônimo de qualidade, me desculpem, mas não concordo com isso. Afinal de contas, se eu pensasse assim, teria que defender que Avatar é o melhor filme de todos os tempos.

É, Glen Mazzara, você tem sua parcela de culpa, mas parece que o buraco é bem mais embaixo.

11 comentários: Leave Your Comments

  1. Concordo demais com vocês e adorei o texto. Foi legal terem analisado o episódio assim.
    Os fãs tem aquela mania de que ~tem~ que amar o episódio porque gosta da série e então não é fã. Mas achei completamente desnecessário enrolar o Governador pra uma próxima temporada, e mesmo que a série seja uma coisa e a hq é outra, eles deviam seguir os mesmos princípios: a perturbação emocional e não só a matança e zumbis. Eu não espero que a Michonne seja estrupada que nem na hq, eu entendo que não pode numa série, blablabla. Mas é inspirada na hq de qualquer maneira.

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  2. Concordo, a primeira temporada foi a melhor! a série pra mim é dividida em duas partes, a primeira temporada e depois dela! eu adorava o Shane!

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  3. Fala meu caro, gostei da sua síntese sobre os acontecimentos na AMC e no show.
    Pra mim, a série começou a desandar quando mandaram Frank Darabon embora.
    A visão que o cara tinha era perfeita, e a primeira temporada não me deixa mentir!
    Tá certo que foram seis episódios, mas o desenrolar dos episódios eram eletrizantes do começo ao fim!
    Como você disse, Darabont e Mazzara são visões diferentes e com públicos alvo diferentes, mas Mazzara não conseguia trabalhar direito. A AMC está realmente atrapalhando os showrunners e não deixando mostrar todo o potencial deles.
    Ainda continua sendo uma série sensacional e grandiosa, mas se continuar assim, logo logo outras pessoas não vão mais pensar assim...

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  4. Eu concordo plenamente com você! O que levou a série TWD ser tão idolatrada, foi o seu desenvolvimento e não só a ação de tiros, mordidas e zumbis. Não sei se é impressão minha, mas a série nem mostra mais os zumbis, só mostra eles sendo mortos e suas cabeças rolando. Quanto a qualidade é inquestionável, a primeira temporada foi sem dúvidas o grande ápice da série. E sim, na maior parte da terceira temporada me senti sendo enrolada.
    Mais um ponto que me incomoda, é o fato do Governador ser como um imortal na série, TUDO BEM que o cara é ódio em fora de gente, mas em um episódio, o pessoal da prisão mirava atirava em sua direção e o cara desviava como se estivesse em Matrix, não achei FODA, achei FEIO, ele é humano, apesar de ter perdido a humanidade.
    Enfim, poderia ficar aqui escrevendo todo o meu descontentamento com a série, mas prefiro ler a HQ!

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  5. Olá! Olha, tenho que concordar com o que você disse, da AMC e dos showrunners. Realmente eram visíveis as diferenças dos enquadramentos. Também não concordo com esse negócio de dividir a série, porque acontece uma coisa ou outra, ou eles atropelam os acontecimentos (que é o que eu achei que aconteceu nos dois últimos episódios da 3ª temporada), ou fica aquela enrolação.

    Minha decepção com os últimos episódios é que acontecimentos grandemente esperados não foram bem explorados. Até detalhes, como a morte do Ben e nenhuma reação do Allen, me incomodaram um pouco. Andrea ficou um tempão presa para depois morrer de um jeito digno, perto dos amigos, mas, sei lá, fiquei com uma impressão de que ela foi meio esquecida (pode ser também que eu apenas esteja um pouco infeliz pela morte da personagem). Achei que poderia ter mostrado um pouco de comoção do povo sobrevivente de Woodbury, parecia até um bando de manequins! E uma coisa eu não entendi (é, eu sou pragmática): o Gov pega a estrada com dois companheiros e uma arma na mão e some? Sem lenço nem documento? Abandona veículos, armas e munição que estavam neles? Não vai em casa buscar uns biscoitos para a viagem? Tá bom, ele enlouqueceu, mas nem um surtado sobrevive mais que 5 dias sem água e comida. Eu não entendi, não foi prático, não foi lógico. E a gente sabe que ele não desistiu.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Fala, Adrien! Obrigado pelo comentário.

    É verdade, tem gente que acha que é proibido não gostar de algo. Como se quem gosta de algo ou alguém devesse engolir tudo que esse algo ou alguém faz. E a vida não é assim, né?

    Eu nem citei a HQ no post para não acharem que a crítica é porque sou leitor. Mas tou 100% com você, deveriam sim focar nessa "perturbação emocional" que você citou. Em todas as outras séries boas isso acontece, parece que deixou de acontecer em The Walking Dead.

    Abraço.

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  8. Fala, Luiz Felipe! Obrigado pelo comentário!

    Também acho que a demissão do Darabont foi negativa. Sobre o Mazzara, ele fez lá suas bobagens, e foram várias. O próprio declarou que só não matou o Daryl pois "Não queria ser lembrado como aquele que matou o Daryl." No fim das contas a palavra final era dele quando o assunto é enredo, porém a AMC é culpada por várias outras coisas, como citado no texto.

    Abraço!

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  9. Oi, LuD! Obrigado pelo comentário!

    Nossa, sensacional quando você falou que a série é idolatrada pelos personagens, e não pela ação. Acho isso também, e só acho que a terceira temporada não foi um fracasso de audiência porque tivemos duas temporadas que exploraram bem os personagens. Caso contrário, não sei se a série estaria quebrando recordes.

    E estou com você sobre os tiros não acertarem o Governador. Para falar a verdade, não acertam NINGUÉM! No último episódio, quando encurralaram o grupo de Woodbury, ninguém morreu! Como se fosse muito ruim para a censura os mocinho matarem várias pessoas. Esse tipo de coisa acaba revoltando.

    Abraço!

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  10. Oi, Lúcia! Obrigado pelo comentário!

    Que bom que concordamos um com o outro! E vou mais longe no que você falou sobre o Allen e o Ben, repare na reação do Daryl no episódio 16! Ele sequer queria vingar a morte do seu irmão! Imaginei que, na emboscada, ele seria o cara que estaria com a mira na cabeça do Governador o tempo todo, porém o cara nem apareceu na cena.

    E sobre o Governador ir embora, é isso mesmo! Logo logo ele passa em um posto Ipiranga, hahaha!

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  11. Adorei seus comentarios. Muito sensatos e diretos sobre o(s) problema(s) com a serie. Coloquei os "s" dentro de parenteses por que acho que só existe um problema com a série e isto independe da produção individualmente. O problema é terem desviado muito da HQ, mas muito mesmo... Perderam a mão!!! Ficará muito difícil o retorno a grandiosidade da primeira temporada, onde foi muito mais fiel a HQ. Com a relação "comercial" ao roteiro, acho que poderiam facilmente adequar a HQ a serie televisiva, tirando o "politicamente-incorreto" das telas mas mantendo a essência da trama. Abraço.

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